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  • Foto do escritorJill Muricy

Adílio da Cruzada

Na VIDA tudo concorre para o nosso próprio BEM, até mesmo as coisas desagradáveis vêm para nos ENSINAR algo.

O que nos torna pessoas FORTES não é ALEGRIA, dinheiro, status, poder, mas o sofrimento. Porque somente ele é capaz de adentrar as profundezas da essência humana e firmar no coração humano a DETERMINAÇÃO por aquilo que lutamos. E, quando o JÚBILO chega, entendemos que faz SENTIDO toda lágrima que derramamos.

Adílio: aquele que MUDOU o próprio DESTINO


O que determina o PROGRESSO de uma pessoa é a forma como encara as dificuldades. Tudo se torna alcançável quando se corre atrás dos OBJETIVOS com muita PERSISTÊNCIA. Apenas os CORAJOSOS conseguem REALIZAR os próprios SONHOS. O PÓDIO nunca será dos covardes, pois o SUCESSO é para QUEM não tem medo de LUTAR por ele.


Por mais que alguém seja de origem humilde, se tiver dentro de si GARRA para pular o muro da dificuldade e driblar o vigia que impede de chegar ao campo, este SIM pode SER chamado de GUERREIRO. Não apenas por jogar bola, mas por VENCER o jogo da VIDA com os pés.

Adílio da Cruzada, onde tudo COMEÇOU

Foi na Cruzada São Sebastião, um conjunto habitacional localizado no bairro do Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, que nasceu Adílio de Oliveira Gonçalves; aquele que através da bola mudou o próprio DESTINO. Tornou-se um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos e ficou marcado na História do Flamengo e da Seleção Brasileira. Ele é mais um VENCEDOR do qual esta NAÇÃO se orgulha.


Adílio era o caçula do primeiro casamento de dona Alaíde, uma mulher batalhadora, que sempre trabalhou pesado para dar o melhor aos filhos. A vida começou a provar a resistência emocional de Adílio desde muito cedo. Aos quatro anos perdeu o pai e a partir daí dona Alaíde começou a trabalhar em dois empregos: às 5 horas da manhã limpava um salão de beleza e logo após ia trabalhar como empregada doméstica na casa de um casal de médicos: doutor Aderbal e doutora Aparecida. Ambos os empregos eram no Leblon. Ela sempre levava Adílio para o serviço, que por sua vez achava lindo ver seu Aderbal de jaleco branco. Por isso, ele sonhava em ser médico.


O menino ia para o trabalho com a mãe. Os patrões desenvolveram um afeto tão grande que se tornaram padrinhos de batismo dele. As filhas do casal também sentiam carinho e se divertiam bastante com a criança. Certa vez, as duas garotas levaram Adílio para o quarto delas, enquanto dona Alaíde preparava o almoço da família. Elas deram banho nele e o cobriram de talco. Chegaram na sala dizendo: “Aqui está o boneco”. Foi motivo de risada para todos. Posteriormente, aquelas pessoas seriam o refúgio para vida de Adílio.


Depois que ficou viúva, dona Alaíde casou-se novamente e teve mais três filhos homens. Adílio era um menino dócil e ajudava a mãe com as tarefas do lar. Além do sonho de ser doutor, o menino Adílio também alimentava outra paixão: jogar bola, tanto que, junto com seus irmãos e os coleguinhas da Cruzada, formaram um time para jogar pelada na rua.


O garoto teve uma infância SIMPLES e FELIZ, na comunidade onde morava. Com seis anos, ele conheceu um amiguinho da mesma idade que também jogava bola em outra comunidade da zona sul. Este amigo era Júlio César da Silva Gurjol, o Julinho, que mais tarde se tornou "Urigeller", que seria um grande jogador de futebol do Flamengo. A amizade começou quando foi despertada a curiosidade de Julinho para saber se Adílio realmente jogava mais bola que ele. Na vizinhança de Adílio, todos falavam do garoto que parecia e jogava como o Pelé, apelidado de “Pelezinho”. A prova real foi uma pelada para ver quem jogava mais: Julinho pôde comprovar que Adílio era bom de bola.

Adílio e a garotada da Cruzada


Adílio e Julinho construíram uma LINDA e FORTE AMIZADE. Até hoje os dois são GRANDES AMIGOS, tanto que um chama o outro de irmão. Certa vez, Julinho chamou Adílio para ir jogar no Flamengo, porém ele teria que pular o muro, pois não tinha carteirinha do clube; apenas Julinho tinha a identificação. Apesar do medo do que iria fazer, o garoto Adílio mesmo assim encarou a dificuldade. O segurança percebeu a presença de um intruso e correu atrás dele.

Foi aí que Adílio começou o seu primeiro drible. Com uma jogada de mestre despistou o vigia, ninguém mais percebeu o ocorrido e os dois garotos chegaram ao campo. Julinho apresentou Adílio ao treinador e o menino logo conseguiu uma vaga para jogar no time juvenil. Ninguém imaginaria que aquele garoto pudesse se tornar um dos maiores jogadores da História do Flamengo. Mas a VIDA é assim, a cada dia vivido um capítulo diferente e cheio de SURPRESA.


Em uma tarde ensolarada, Adílio e Julinho estavam sentados na areia da praia do Leblon, depois de um banho de mar. De repente, chegaram dois homens bem arrumados procurando por Adílio, dizendo que queriam falar com a mãe dele e que o acompanhariam até sua casa. Os homens ofereceram carona ao garoto, mas ele recusou e foi acompanhado o carro até a Cruzada.


Ao serem apresentados a dona Alaíde, eles se identificaram como seguranças do Pelé e queriam que Adílio o interpretasse no filme do rei. Iriam levar Adílio e dona Alaíde com todas as despesas paga até São Paulo. Entretanto a senhora não concordou, mesmo sabendo que era o sonho do filho conhecer o jogador, porque os homens eram pessoas que ela desconhecia.


Na semana seguinte Adílio voltou da escola dizendo que a diretora queria falar com dona Alaíde. A mãe ficou bastante preocupada, achando que o filho tinha feito alguma coisa grave. Mas, ao chegar no educandário, a mentora lhe falou que Adílio era um aluno exemplar, tão inteligente que seria transferido para outro colégio, com maior estrutura no aprendizado. E assim ele foi encaminhado com uma carta de recomendação. A transferência de Adílio foi uma porta de entrada para outros meninos da Cruzada estudarem na mesma escola.

Conversa entre amigos


Mas o que ninguém iria prever seria uma grande reviravolta na casa dos Oliveira Gonçalves. Certo dia, Paulo Roberto, o irmão mais velho, levou a namorada para conhecer sua família em um almoço de domingo. Quando dona Alaíde viu a moça teve um forte pressentimento, saiu da mesa e começou a chorar no quarto. Perguntaram o que tinha acontecido e ela respondeu: “Vejo muito sangue”, mas ninguém entendeu a resposta.


Na semana seguinte, Paulo Roberto foi ao cinema com a namorada, apareceu um homem, anunciou o assalto e levou a bolsa da jovem. Paulo Roberto correu atrás do assaltante para impedir o furto, porém levou três tiros na praia do Leblon e morreu no local. Ao saber da triste notícia, dona Alaíde ficou completamente desesperada, só vivia chorando no quarto e não saía mais de casa. Ficou até quatro dias sem dormir pensando no filho que morreu. Já Adílio ficou dilacerado com a morte do irmão, pensou até em desistir de vez do futebol e por diversas vezes faltou aos treinos sem ânimo de jogar.


A depressão de dona Alaíde deixou sua saúde debilitada em pouco tempo. Certa vez, ela chamou Adílio e disse:” meu filho, eu vou morrer e não é para você chorar. Cuide dos seus irmãos, eu estarei lá em cima abrindo as portas para você alcançar seus objetivos. Não deixe ninguém mudar o seu nome, você será conhecido como ADÍLIO e o Brasil saberá que meu nome é ALAÍDE, não Laíde, como chamam.” A frágil senhora que tanto AMOU e lutou por aquela honrosa família, encontrara-se num momento de partida. Passados alguns dias, com sua FÉ INABALÁVEL ela se foi, mas deixou na terra o fruto do próprio esforço.


Adílio estava com 14 anos, órfão de pai e mãe, e sem o irmão mais velho. Perdeu as pessoas mais importantes de sua VIDA, muitas vezes não teve encanto pela própria existência, mas alimentou a ESPERANÇA de dias melhores. O doce garoto passara por momentos de profunda angústia. As circunstâncias estavam levando tudo que ele tinha de mais precioso. Porém, a mesma dor que feria o deixava mais forte para as coisas inexplicáveis que iam acontecer.


Tempos depois, após a morte de dona Alaíde, o padrasto dele foi embora de casa levando os três irmãos mais novos, inclusive o caçula. Muitas vezes, Adílio levava o menor para os treinos no Flamengo, dava mamadeira e o deixava dormindo no banheiro do clube, para não deixá-lo sozinho em casa. Agora o guerreiro Adílio encontrava-se apenas com seu irmão do meio Adilson; sem contar que seu grande amigo irmão Julinho sempre esteve presente na sua vida. A amizade dos dois era um ALÍVIO perante à turbulência que acontecia.


Na noite seguinte, quando Adílio estava conversando com os amigos que moravam na Cruzada, ouviram tiros vindos do apartamento de baixo. Era um amigo foragido da cadeia que foi assassinado dentro da própria casa. Na semana anterior ao assassinato, o rapaz tinha dado um ventilador a Adílio para dar de presente a própria mãe. Parecia que ele estava se despendido da mulher que amava. Adílio nunca se envolveu com coisa errada, porém ficou profundamente abalado com o fim do amigo.


Semanas depois, no início da noite, Adílio se encontrava em casa ouvindo música no disco tocando na vitrola e de repente alguém tocou a campainha. Era Julinho feliz da vida, avisando ao grande amigo que Adílio fora contratado para o time profissional, na posição de meio campo. Os dois irmãos se abraçaram chorando de FELICIDADE. O primeiro jogo como jogador profissional foi no Maracanã. Adílio era o camisa 8 do Flamengo; a torcida inteira gritava o nome dele; era chegada a hora da dor dá espaço à ALEGRIA.

Ascensão de Adílio no futebol, Mundial de 81

Adílio ganhava cada vez mais admiração nos campos e na VIDA, inclusive dos vizinhos da Cruzada. Ele organizou várias peladas para tirar a criançada da rua. Usava o futebol para dar dignidade às pessoas.

O maior sonho de Adílio era conhecer seu ídolo Pelé, mas no dia de conhecer o rei, Adílio foi convocado para um jogo em outro estado e perdeu a grande oportunidade. Mais tarde, a TV Globo o procurou para contar o “Caso Verdade”, ou seja, fatos importantes da vida de Adílio em um Documentário, e, para surpresa do jogador, Pelé apareceu no filme.


Adílio se tornou um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Atuou ao lado de Zico e Andrade, formando um dos melhores jogadores de meio campo da História do Flamengo. A ascensão no futebol foi no mundial de 81, quando o Flamengo goleou o Liverpool no Japão. Adílio estava casado há poucos dias e foi em lua de mel para o jogo com a esposa.


Adílio vestiu a camisa rubro-negra em 616 partidas e fez 128 gols. Tinha rara habilidade e criatividade, era dono de um passe perfeito e adepto a um estilo de jogo clássico. Após 24 anos jogando no Flamengo, Adílio também atuou pelo Coritiba, Barcelona de Guayaquil (Equador), Itumbiara, Inter de Lages, Alianza Lima (Peru), América de Três Rios, Santos-ES, Avaí, Friburguense, Bacabal, Serrano, Barreira, Borussia Fulda e Barra Mansa.


Na Seleção Brasileira, esteve presente apenas em duas partidas. O filho da dona Alaíde, durante toda a sua carreia teve apenas dois cartões amarelos e nenhum vermelho. Foi treinador do Bahain (Arábia Saudita), Clube de Futebol Zico ( CFZ) e do Flamengo em dois períodos, de 2003 a 2006 e 2008.


Hoje, Adílio tem 61 anos, é casado, pai de três filhos e avô de uma moça. Católico, Formado em Educação Física, é presidente do Flamaster, uma associação formada e voltada para ex-jogadores do Flamengo, que cuida dos ex-atletas dentro e fora do clube. Adílio divide sua sala de trabalho com o amigo irmão Julinho, os dois venceram JUNTOS na VIDA e são INSEPARÁVEIS.

Adílio e Julinho: AMIGOS INSEPARÁVEIS

Adílio também tem trabalhos sociais voltados para pessoas carentes. O filho de dona Alaíde é um grande HOMEM, bom pai de família, é FELIZ e REALIZADO. Na maioria das vezes se ocupa ajudando as pessoas necessitadas.


Ele conta entusiasmado que certa vez foi com alguns amigos à Floresta Amazônica e, quando o avião pousou no meio do mato, vieram vários índios recepcioná-los pintados de vermelho e preto, em homenagem ao Flamengo. Um Dos índios tinha quatro filhos: Adílio, Artur, Rondinelli e Hortência. Ficou impressionado com tamanho respeito dos indígenas aos craques do rubro-negro.

Um AUTÊNTICO VENCEDOR

O Brawn, pois assim Adílio é carinhosamente chamado pelos amigos, deu a volta por cima nos campos e na vida. Foi além das circunstâncias e alcançou o merecido SUCESSO. Apanhou diversas vezes das situações que lhe cercavam, mas é na dificuldade que surge um autêntico VENCEDOR.


Com CERTEZA dona Alaíde lá do céu pediu a Deus por tudo que aconteceu. E ficou FELIZ com a EVOLUÇÃO de Adílio. Não houve pobreza, perdas, frustrações, sofrimentos ou fracassos que o impedisse de chegar ao PÓDIO. A VITÓRIA é daquele que nunca desiste de LUTAR, pois aí se concretiza uma AUTÊNTICA HISTÓRIA de SUPERAÇÃO.





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