O MILAGRE da Bola
Quando alguém quer realmente uma coisa, faz tudo para conquistá-la, passa por cima dos limites e das dificuldades, mas nunca desiste do seu propósito. O CAMINHO para o SUCESSO é habitado pelos CORAJOSOS.

Júlio Cesar, um VENCEDOR
Era VERÃO, a estação mais LINDA do ano, na cidade MARAVILHOSA, mais precisamente em 03 de março de 1956, no hospital Miguel Couto, na Gávea, zona sul do Rio. Lá nasceu Júlio Cesar da Silva Gurjol, que se tornaria o “Urigeller”. Como o nascimento dele foi na época do SOL, seu BRILHO seria tão intenso como a ESTRELA. Capaz de eliminar toda escuridão que aparecesse no seu caminho.
Ao lado da maternidade fica o Clube de Regatas Flamengo, mas isso não foi coincidência. Com o passar do TEMPO, viria o significado desse acontecimento.
É Filho da dona Carmem, uma mulher trabalhadora, que segurou a onda sozinha, pois quando Júlio Cesar tinha um aninho o pai dele foi embora e só voltou sete anos depois. Carmem e a família moravam na comunidade da Praia do Pinto, que fica no Leblon, também na zona sul da cidade. A casa deles era um barraco de madeira, de quarto e sala, , onde abrigava 18 pessoas.
Júlio Cesar foi uma criança FELIZ, onde a maior diversão era jogar bola com os amiguinhos da comunidade e tomar conta de carros na porta do Flamengo. Aos seis anos, Júlio Cesar começou a demonstrar grandes habilidades com a bola. Jogava pelada na favela, queria ser do Flamengo, mas no clube só podia jogar quem era rico. Estudava e vendia amendoim na rua para ajudar em casa. Era cuidado pela avó materna, que tinha 16 netos, e não sabia o nome do Júlio direito.

URIGELLER
Com seu sonho de ser um jogador do futebol do Flamengo, o menino começou a planejar uma forma para entrar no local. Certo dia, ele rodando o ambiente, percebeu que tinha um muro baixo, que daria para colocar uma escada e pular para dentro do campo. Júlio notava que todas as crianças que entravam no Flamengo vestiam a camisa branca, short branco, meia branca e tênis. Como a avó dele era costureira, ele pediu que ela fizesse uma roupa igual a que viu e explicou o porquê do pedido. A doce senhora fez o uniforme.
Mesmo sendo criança, ele teve a DETERMINAÇÃO e CORAGEM de correr atrás dos seus objetivos.
Em pouco tempo mudaria o próprio destino e escreveria uma nova história, mas para isso acontecer sofreria mais um pouco. O garoto SIMPLES pulou o muro do clube vestido como se fosse sócio, ninguém percebeu a presença de um intruso, porque se assemelhava com os outros meninos, tinha aparência de rico.
Não sabiam que o pequeno rubro-negro era pobre, com uma estratégia de ser jogador de futebol e mudar de vida. Foi dessa maneira que o Flamengo o abraçou, e deu a ele a oportunidade de mostrar o próprio TALENTO.
Júlio Cesar muito habilidoso, começou a se enturmar com as outras crianças do clube, que dependiam dele para ensiná-las a jogar bola. Queriam que ele jogasse sempre com elas. A amizade se estendeu até os pais da garotada, que notaram que Júlio Cesar não era associado, mas gostavam dele mesmo assim. Inúmeras vezes, deram comida para Júlio matar a fome -- misto quente que ele mais amava.
Uma mistura de fome, SONHO, HONESTIDADE e anseio pelo SUCESSO; estas eram as palavras que motivaram o garotinho, que aos poucos se aproximava do PÓDIO. Júlio Cesar mesmo predestinado ao clube, continuava pulando o muro, até que um dia um guarda o pegou e o levou para o juizado de menores. Depois de um tempo a mãe foi buscá-lo, e a situação foi resolvida.
Em uma favela próxima a que Júlio morava, chamada Cruzada São Sebastião, tinha o menino Adílio, que todo mundo comentava ser bom de bola. Então o futuro Urigueller resolveu encarar o tal garoto. Marcaram um jogo na comunidade para os dois se conhecerem. Quando Júlio viu a jogada de Adílio ficou impressionado com a maneira pela qual este jogava bola.
Júlio Cesar chamou Adílio para também pular o muro rubro-negro. A mãe de Adílio fez um uniforme igual ao de Júlio Cesar. Os dois pulavam o muro sempre juntos, jogavam na categoria de base, e mesmo assim praticavam o ato. Até que um dia o guarda os pegou fazendo a atividade. Então o Flamengo conseguiu uma carteirinha e permaneceram no clube. Os dois são grandes amigos, passaram por todas as categorias do clube sempre juntos, ganharam todos os títulos juntos. Desde a categoria de base à principal.

Júlio Cesar e Adílio: dois amigos são pra SEMPRE, quando vivem como irmãos
As coisas estavam fluindo na vida de Júlio Cesar, que estava com sete anos. Seu maior sonho de jogar no Maracanã foi realizado. Era uma partida “Craque na bola, Craque na escola”. Antes do jogo, o papai Noel desceu de helicóptero no estádio, onde tinha acabado uma partida de FLAXFLU. Foi a coisa mais linda que ele viu na vida.
O garoto Júlio Cesar estava vivendo uma fase menos pesada na sua jovem vida; tudo caminhava bem como jogador de futebol. Mas ele seria visitado mais uma vez por um doloroso acontecimento. São situações pesadas, que formam autênticos VENCEDORES.
A favela da Praia do Pinto, onde Júlio Cesar morava com a FAMÍLIA, não agradava a elite carioca. Na época existiam boatos de exterminar a comunidade. Até hoje não se sabe o que aconteceu. Era madrugada de um sábado, todos estavam dormindo quando, de repente, começou um incêndio no local que atingiu 100 casas. A avó de Júlio Cesar acordou desesperada e pegou no colo o garoto que estava dormindo para que o fogo não o queimasse. Júlio e os seus parentes sobreviveram a mais essa provação.
Todas as pessoas daquele lugar tiveram seus pertences destruídos pelo fogo, que queimou tudo, menos a esperança de Júlio Cesar vencer na VIDA. No mesmo dia desse episódio, os desabrigados foram levados em carros que os aguardavam embaixo do morro para Cordovil, na zona norte da cidade. Lá, todos começaram a reconstruir suas VIDAS.
Júlio Cesar conviveu com o trauma do incêndio por muitos anos. Várias vezes durante a noite acordava assustado, revivendo aquele pesadelo. Mas logo se reergueu; usava a bola para se distrair e driblar as desagradáveis circunstâncias. Quando não tinha o dinheiro da passagem para ir treinar no Flamengo, pulava o muro da estação do metrô. Ele fazia isso, porque queria vencer e não por ser desonesto.
Certo dia, Júlio Cesar foi ver um jogo do time rubro-negro no Maracanã, não tinha dinheiro para ficar parte de cadeiras na arquibancada, ficou na geral. Ele tentou mudar de um lugar para o outro, mas um policial o pegou e bateu muito.
Na quarta-feira seguinte, o Flamengo jogou de novo do mesmo estádio, e Júlio Cesar estava escalado para jogar no time profissional como titular. Antes da partida começar, ele viu o mesmo policial que tinha batido nele e disse: “o senhor lembra de um rapaz que você bateu na semana passada na geral?” - O militar respondeu que sim e Júlio Cesar respondeu: “sou eu, hoje o senhor não vai poder me bater porque eu sou o camisa 11 do Flamengo”, e mostrou a camisa pra ele. O policial não entendeu nada.

Time de OURO do Flamengo
Júlio Cesar fez parte do maior time da história do Flamengo, ao lado do irmão Adílio, chutou as adversidades. ENCANTOU, BRILHOU E VENCEU. Quem diria que o frágil garotinho iria tão longe? Foi apelidado de Urigeller por ter a capacidade de “entortar” os adversários com dribles desconcertantes.
Além do Flamengo, Júlio jogou no América, Fortaleza, Grêmio, Vasco, Atlético Paranaense, Remo de Belém, Costa Azul do México, Talleres e River Plate, ambos da Argentina, onde Júlio Cesar morou e tem nacionalidade.
Pela Seleção Brasileira, integrou a equipe que venceu o pré-olímpico em 1976. O ponta-esquerda fazia bonito em cada partida. Mesmo jogando em vários times, seu grande amor é o vermelho e preto da Gávea. Júlio Cesar quando fala em futebol, diz que o maior jogador da história foi o Garrincha. Ele tem uma tatuagem na esquerda em homenagem ao jogador. Mas seu ídolo é o Zico, seu grande amigo. Por 16 anos, Júlio Cesar trabalhou no Clube do “Galinho de Quintino” como treinador.
Atualmente, ele é casado, pai de quatro filhas, duas biológicas e duas enteadas, e avô de dois netos. É católico e tem profunda GRATIDÃO a Deus por tudo. Não tem mágoas de quando o pai dele foi embora, na infância. Um homem imensamente REALIZADO. Mesmo tendo fraturado e operado o tornozelo duas vezes, ele brinca dizendo que é um CARINHO de Deus e as cicatrizes são as marcas da SUPERAÇÃO em sua VIDA.
Hoje, Júlio Cesar é vice-presidente do Flamaster, a parte social do Flamengo, e palestrante. Divide a sala de trabalho com o amigo irmão, Adílio. Os dois lutaram e VENCERAM juntos. Júlio Cesar faz tudo para retribuir ao clube que matou sua fome e o tirou da pobreza, pois na vida dele a bola fez MILAGRES.

O nome dele está escrito na própria camiseta
O Garrincha da ponta-esquerda, pois assim Júlio Cesar é carinhosamente chamado, tinha tudo, exatamente tudo para dar errado, mas ele resolveu dar CERTO. Ele deu muito CERTO, ELE DEU SUPER CERTO. Nada barrou o SUCESSO desse VENCEDOR.