A Coisa Mais BONITA que há no Mundo é VIVER cada Segundo Como Nunca Mais
Se percebe a GRANDEZA de um homem quando sua CORAGEM fica registrada na História, e, todas as gerações seguintes, ouvirão falar o seu nome.
O médico e seus amores
Prezado amigo Afonsinho, Eu continuo aqui mesmo, Aperfeiçoando o imperfeito, Dando um tempo, dando um jeito, Desprezando a perfeição, Que a perfeição é uma meta, Defendida pelo goleiro, Que joga na seleção, E eu não sou Pelé nem nada, Se muito for, eu sou um Tostão, Fazer um gol nessa partida não é fácil, meu irmão. Assim canta Gilberto Gil para homenagear seu grande amigo.
Afonso palestrando
Era PRIMAVERA, três de setembro de 1947, quando, em São Paulo, nasceu Afonso Celso Garcia Reis, o Afonsinho: um homem que no decorrer de sua trajetória mostraria suas habilidades na VIDA, nos campos e na medicina.
A família Garcia sempre morou em Marília, interior paulista. O pai de Afonsinho era ferroviário e a mãe professora primária. Ele teve uma infância MARAVILHOSA. Entre nove e dez anos, a família dele mudou-se para Jaú, também no interior do estado. Em 1962, foi revelado pelo clube de Jaú, o qual até hoje tem profunda ADMIRAÇÃO.
A carreira no futebol deslanchou de uma forma que ele não esperava. Em 1965, aos 18 anos, Afonsinho foi transferido para o Botafogo, no Rio de Janeiro, seu time do Coração. Lá foi capitão da equipe campeã na Taça Brasil, em 1968. No mesmo ano foi emprestado para o time do Olaria. Ao retornar ao Botafogo, ficou “encostado” em torno de oito meses com o contrato suspenso. A diretoria alvinegra o impediu de jogar enquanto não retirasse a barba e o cabelo comprido, que adquiriu ao voltar do Olaria.
Afonsinho no Botafogo
Afonsinho chateado com o que estava sendo imposto, decidiu deixar o Botafogo, e pediu a liberação de seu “passe” livre. Porém, os cartolas do clube o negaram, mas o jogador recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça Desportiva.
Como nada na VIDA é fácil, a luta pelo seu direito à liberdade também não haveria de SER. Cada dia que passava, parecia uma eternidade diante do que estava vivendo.
"Por trás de tudo isso", havia a tentativa de se impor uma medida de força também no esporte. A partir daí, juntamente com o meu pai, um ex-ferroviário que se formara em Direito, partimos para garantir o meu direito de trabalhar. Posteriormente, com a ajuda de outros advogados, Rui Piva, e o Rafael de Almeida Magalhães conseguimos o passe livre no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, mas só depois de muita luta", comenta Afonsinho, aliviado.
O meio de campo conciliava o futebol com os estudos; fazia faculdade de medicina. Era envolvido com política dentro e fora do campo. Diversas vezes foi convidado para fazer parte da luta armada e não aceitou porque amava demais o futebol.
Garcia Reis, o então médico foi o primeiro jogador a conseguir o passe livre no Brasil. Esse episódio que lhe rendeu “Passe Livre Documentário”, um longa-metragem dirigido por Oswaldo Caldeira, baseado na vida de Afonsinho com a participação de outros jogadores, como: João Saldanha, Jairzinho, Amarildo...
Após uma jubilosa e conturbada carreira, Afonsinho encerrou a vida nos campos aos 34 anos, em 1981, ele jogou no XVI de Jaú, Botafogo, Olaria, Vasco da Gama, Santos, Flamengo, América Mineiro e Fluminense.
Com o fim da VIDA futebolística, Afonsinho se dedicou inteiramente à medicina. Formou-se na Faculdade de Ciências Médicas na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Trabalhou como psiquiatra no Instituto Painel, por 30 anos. Usava o esporte como complemento no tratamento psiquiátrico com os próprios pacientes.
Mesmo aposentado na profissão, Afonsinho continua a trabalhar como médico do programa Clube da Família, na Ilha de Paquetá, onde mora. Até os dias atuais joga bola no time que fundou com os amigos, em 1975 - O Trem da Alegria, que Garrincha e Milton Santos fizeram parte. Hoje conta com algumas personalidades como: Paulinho da Viola, Raimundo Fagner e Moraes Moreira.
Em 2016, foi lançado o "Barba, Cabelo e Bigode", um documentário sobre a contestação no futebol brasileiro, produzido por Lúcio Branco. Essa obra conta a história dos três grandes ídolos do Botafogo: Afonsinho, Nei Conceição e Paulo César Caju. Por meio de seus relatos, os ex-jogadores contam o retrato aprofundado entre o futebol, subversão e política no Brasil.
Nei Conceição, Paulo César Caju e Afonsinho- Grandes AMIGOS na VIDA e no cinema
Os grandes amigos se reúnem várias vezes durante o ano para jogar pelada, no estádio do Municipal Futebol Clube, em Paquetá. Esse mesmo grupo fundou uma escolinha de futebol com outros amigos para crianças carentes do Rio.
Atualmente, Afonsinho é casado, pai e avô. Aposentado dos campos e da medicina, é colunista de política na revista Carta Capital, com artigos semanais. Ele ressalta que tudo valeu a pena, sua luta e esforços em busca dos próprios objetivos.
Afonsinho segurando A Marda dos VENCEDORES