Jill Muricy
A Arte de Reaprender a VIVER
A vida é um contrato de risco, viver é uma surpreendente aventura repleta de novidades. Os desafios fazem parte da nossa existência, e a melhor forma de vencê-los é enfrentá-los com toda nossa força.
Uma nova mulher: Ludmilla Magnoni/Foto: arquivo pessoal
O sofrimento deixa em nós ensinamentos inenarráveis, e nada se compara a ele na tarefa de transformar um ser humano. Por sua vez, a superação, com seu jeito simples e encorajador, nos faz carregar marcas profundas de aprendizado, livramento, vitória, restauração.
Nada é em vão, todo acontecimento vem para nos ensinar uma lição; às vezes, transmitida na dor, mas os frutos são de amor: aquele que renova todas as coisas.
Ludmilla Magnoni Dino, ex-bancária, uma mulher de inteligência emocional impressionante; delicada, voz calma e palavras leves. Foi surpreendida por um grande problema de saúde, que mudou todas as esferas da sua jornada existencial.
Nascida em Muzambinho, interior de Minas Gerais, passou maior parte da infância e adolescência em Tapiratiba, interior paulista. Sempre foi uma criança saudável, cheia de amigos, adorava brincar. Estudiosa, sempre foi uma aluna exemplar. Formou-se em Educação Física, mas não atuou na área.
Na vida adulta, morando em Poços de Caldas, no interior mineiro, já trabalhando no banco, Ludmilla começou a passar muito mal, sentindo fortes dores de cabeça e febre. Este fato aconteceu na sexta-feira de carnaval, em fevereiro de 2007. O sol ficaria escondido por logos meses, mas continuaria brilhando além das nuvens.
A mineira ficou todo o período carnavalesco em casa sentido muitas dores, mas não imaginou que seu quadro de saúde fosse tão grave. Somente na quarta-feira de cinzas Ludmilla foi para o hospital: estava convulsionando. Na casa de saúde, não levaram a paciente muito a sério, por ser um tempo de festa, acharam que ela apenas estava de ressaca.
Ludmilla e a sobrinha, ainda no hospital/Foto: arquivo pessoal
Após alguns exames, a notícia era assustadora: Meningite Meningocócica. Foi o início de uma grande batalha contra a doença: Ludmilla ficou nove meses internada, dos quais dois na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Passou por uma neurocirurgia, e até mesmo uma parada cardiorrespiratória. Não podia alimentar-se, por causa do seu estado.
Teve ainda hidrocefalia, perdeu todos os movimentos do corpo: aos poucos, ela via a própria vitalidade indo embora. Nem mesmo sentar-se no leito ela conseguia; precisava de sonda vesical de alívio, pois não conseguia ir ao banheiro.
A moça ficou muito debilitada e esperava a morte: alimentava-se via sonda nasal e não mais acreditava que um dia pudesse ficar boa, mas nunca se revoltou com a situação que vivia, muito menos com Deus. O que fez Ludmilla ter um olhar diferente sobre o próprio quadro de saúde foi a visita de uma mulher estranha, que havia passado por vários problemas de saúde e vencido todos eles. Desse momento em diante, a mineira começou acreditar na possibilidade de um dia vencer aquela situação.
Ao sair do hospital, a nova mulher encarou o recomeço dia após dia em tudo na vida. Reaprendeu a andar: atividade que a fez levar muitos tombos, ganhando algumas fraturas por isso. Mesmo continuou na reaprendizagem dos movimentos. Aos poucos voltou a comer e a urinar normalmente. Lentamente o sol voltava a brilhar sobre o céu cinza!
Durante o processo de reabilitação, além da hidroginástica e fisioterapia, Ludmilla buscava algo a mais para preencher o tempo que ficava ociosa em casa.
Foi aí que ela descobriu os doces gourmets, que além de adoçar tudo ao seu redor, seriam futuramente o provimento de sua vida financeira. A atual confeiteira aprendeu a fazer brigadeiros e pipocas requintados.
Ela dedicou toda sua criatividade e carisma no curso de gastronomia, a técnica que foi fundamental para que uma nova mulher nascesse após um longo período sombrio.
Trabalhar com doces tornou Ludmilla uma mulher independente financeiramente. Ela comprou um carro! Vive super bem, é feliz! A única sequela da meningite é andar de bengala.
Diante de tudo que passou, andar com bastão é quase nada. Bom mesmo é ter a saúde de volta e o corpo funcionando naturalmente. Ela ainda mora com os pais, porque não tem necessidade de morar sozinha. Toda aquela situação foi superada com sucesso.
Ludmilla, a mulher que redescobriu o Sentido da Vida/Foto: arquivo pessoal
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